Definindo rotas estáticas no Linux com route
Para implementar rotas no Linux existem diversos softwares livres e de código aberto que possibilitam a manipulação de tabelas de roteamento IP do kernel. Seu principal ofício é configurar rotas estáticas para os hosts que compõem determinada faixa de rede, por intermédio de uma interface propriamente configurada. O software route é padrão nos sistemas Linux, foi originalmente desenvolvido por Fred N. Van Kempen e posteriormente modificado por Johannes Stille e Linus Torvalds. O suporte a irtt (compartilhamento com netstat) foi adicionado por Bernd Eckenfels.Outras funções importantes que foram adicionadas são mss e windows, implementadas por Alan Cox. O brasileiro Arnaldo Carvalho de Melo contribuiu na tradução do manual para a língua portuguesa.
A inserção de rotas pode ser iniciada pelo comando "route" seguido de parâmetros que validam os conceitos de rotas que foram descritas no início deste documento. Abaixo segue a tabela 1 contendo todos os parâmetros.
Tabela 1: Parâmetros do route
Parâmetro | Especificação |
-v | Lista detalhada |
--version | Mostra a versão e outras informações. |
-n | Mostra as rotas definidas, sem resolver nomes |
-e | Mostra a tabela de roteamento no formato Netstat |
-ee | Mostra uma imensa linha contendo todos os parâmetros da tabela de roteamento |
-net | Refere-se ao endereço de uma rede, encontrado no arquivo /etc/networks |
-host | Refere-se ao endereço de uma máquina |
del | Remove uma rota |
add | Adiciona uma rota |
netmask | Opção para adicionar máscara de rede da rota a ser adicionada |
gw | Adiciona o gateway, onde qualquer pacote destino será roteado através do gateway específico |
metric | Configura o campo métrico da tabela de roteamento, porém não é usado por kernels mais recentes, somente daemons de roteamento a utilizam |
mss | Especifica o tamanho máximo do segmento TCP em bytes (MSS) para conexões TCP através desta rota |
window | Especifica o tamanho da janela TCP para conexões TCP através desta rota. Tipicamente somente usado para redes AX.25 e em drivers incapazes de de tratar frames back to back |
irtt | Tempo de ida e volta de conexões TCP desta rota |
reject | Bloqueia rota antes do uso da rota default |
mod, dyn, reinstate | Instala rotas modificadas ou dinâmicas, são usadas por daemons de roteamento |
dev | Refere-se ao dispositivo - eth0, eth1 |
dev If | Força o uso do dispositivo indicado, pois o kernel pode determinar o dispositivo por conta própria |
# route add -net 127.0.0.0 netmask 255.0.0.0 dev lo
Para adicionar uma rota padrão que permita a saída do tráfego da rede é necessário indicar na sintaxe do comando default e indicar em qual interface os pacotes serão roteados. Caso não defina a interface no comando, o kernel irá definir uma interface para adicionar o gateway, naturalmente poderá vir a ser o primeiro dispositivo.
# route add default gw 192.168.0.1 dev eth0
Pode-se configurar o arquivo /etc/hosts para usar nomes de máquinas, para que não seja necessário colocar número de IP sempre que for adicionar uma rota ou rejeitar uma rota para determinada faixa de rede. Por esse motivo é importante que o arquivo fique legível, usando-se comentários indicando se é nome atribuído a máquina ou o dispositivo de rede.
Exemplo 1: Arquivo /etc/hosts
## Local
127.0.0.1 localhost
## device eth0
192.168.0.1 androide-gw
## device eth1
192.168.1.1 curupira-gw
## maquina
192.168.2.1 javali-gw
## maquina
192.168.3.1 torresmo-gw
127.0.0.1 localhost
## device eth0
192.168.0.1 androide-gw
## device eth1
192.168.1.1 curupira-gw
## maquina
192.168.2.1 javali-gw
## maquina
192.168.3.1 torresmo-gw
É possível adicionar uma rota para uma máquina da rede através de uma interface e assumir que a máquina é a própria interface. Com isso podemos permitir que uma rede possa ser alcançada através dessa máquina ou definir rota para toda uma classe de rede. Nos comandos seguintes podemos validar essa afirmação.
Adicionar rota para máquina:
# route add curupira-gw eth0
Adicionar rota para uma rede:
# route add -net 192.168.2.0 netmask 255.255.255.0 gw curupira-gw
Adicionar rota para toda uma classe de rede (multcast):
# route add -net 192.168.0.0 netmask 255.255.0.0 dev eth0
Bloquear rota para rede privada:
# route add 10.0.0.0 netmask 255.0.0.0 reject
Outros comandos podem ser aplicados para a verificação do estado da tabela de roteamento, bem como informações de versões de software e exibição da tabela de roteamento. O comando route seguido da opção -V retornará como saída padrão a versão do software e módulos suportados pelo programa, já a opção -v mostra na saída padrão a tabela de roteamento de forma simplificada, porém se esta opção vier seguida de outros comandos terá a responsabilidade de jogar na saída padrão o processo sendo executado de forma detalhada.
O status da tabela de roteamento pode ser observada com a opção -n, onde serão exibidas 8 colunas (destino, roteador, MascaraGen, opções, métricas, Ref, Uso, Iface), a coluna opção relata o status de cada rota, se está habilitada, se está instalada por um daemon ou sendo rejeitada, entre outros. As possíveis situações referentes ao status das rotas podem ser apresentadas na tabela 2 abaixo.
Tabela 2: Opções
Opção | Especificação |
U | Está habilitada |
H | Refere-se que o alvo é uma máquina |
G | Usa o roteador |
R | Está apontando para um roteamento dinâmico |
D | Rota instalada dinamicamente por redirecionamento |
M | Modificada por redirecionamento |
! | Rejeitada |
Exemplo:
# route -n
Tabela de Roteamento IP do Kernel Destino Roteador MáscaraGen. Opções Métrica Ref Uso Iface 192.168.1.0 0.0.0.0 255.255.255.0 U 1 0 0 eth0 192.168.2.0 0.0.0.0 255.255.0.0 U 1000 0 0 eth0 0.0.0.0 192.168.1.1 0.0.0.0 UG 0 0 0 eth0Outras opções podem ser aplicadas como o -e (--extend), para mostrar informações adicionais como por exemplo colunas com informações sobre tempo de ida e volta de pacotes e tamanho em máximo de segmento TCP/IP em bytes. Outra opção é usar o -F (--fib), que são informações de repasse. A opção route -C (--cache) joga na saída padrão o cache da tabela de roteamento que esteja registrada pelo kernel.
Basicamente podemos implementar rotas com esse software, embora existam formas, métricas mais eficientes, existem softwares que podem avançar mais nos conceitos de rotas, portanto no tópico seguinte há um aprofundamento na criação de rotas avançadas, que por sua vez pode restringir e controlar fluxo de tráfego e entre outros